segunda-feira, 26 de novembro de 2007

E assim, chegámos até aqui …

Tal como a maioria dos casais sempre sonhámos em ter um filho, o que nunca pensámos é que com esse desejo iniciaríamos uma luta contra a INFERTILIDADE.

No meio de muitas indecisões, e espera por uma situação estável no emprego, decidimos que a partir de 13 de Julho de 2005 o comprimido branco iria desaparecer das nossas vidas durante uns meses. Nunca pensámos foi que fosse durante tantos meses…

Os primeiros meses, acreditem ou não, foram os que mais me custaram a aceitar. Como é que era possível, eu ainda não estar grávida? Isto não me devia estar a acontecer…

No entanto, os meses foram passando e em Março de 2006 decido ir ao meu ginecologista que me receita o Dufine e saio de lá convicta que nos próximos 6 meses, no máximo, já lá iria entrar num estado de graça.

Mais uma vez os meses passam e a gravidez teima em não surgir. Em Julho do mesmo ano falo com o meu médico, após mais um teste negativo, e digo-lhe que quero avançar com os exames pois não estava a conseguir lidar com estas incertezas.

E lá vamos os dois: análises especificas, o famoso espermograma, e a histerosonosalpingografia (exame ás trompas, uma delicia). Os campeões do paizão estavam em forma, mas as minhas trompas estavam obstruídas. Após um exame custoso, vejo a cara de um médico com um ar de “nem sei o que lhe diga”.

Perante este cenário o nosso ginecologista encaminha-nos para uma médica de Infertilidade, Dra Daniela Sobral, que após análise dos exames me diz o que eu não estava preparada para ouvir: “não pode ter filhos naturalmente, terá de recorrer à fertilização in vitro(FIV)”. Foi um balde de água fria, ou melhor, gelada!
Será que não havia nada a fazer pelas minhas trompas?! (Era aqui que eu me devia de ter debatido melhor!)
Mas no dia seguinte já estávamos a contar os tostões e a colocar hipóteses para arranjarmos o dinheiro para o nosso primeiro, e pensávamos, único tratamento.
Paralelamente a este tratamento que iria ser feito na Cemeare (particular) optámos por nos inscrever nas consultas do Hospital de Santa Maria (HSM) e na Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Mas o panorama não era nada animador, a 1ªconsulta no HSM tinha uma lista de 10 meses e na MAC para fazer um exame esperávamos 3 meses e o que nós pretendíamos era entrar para uma lista interminável de casais que terão de recorrer à FIV.

Em Setembro de 2006, após muitas picas na barriga (éramos autênticos enfermeiros), análises e ecos, fizemos a nossa FIV, de onde resultaram 16 óvulos. Após a punção soubemos que tínhamos 6 estrelinhas fantásticas que poderiam vir a ser os nossos filhos. A transferência de 2 embriões foi um momento emocionante, nem sei descrever, e perante tanto optimismo da médica pensámos que iríamos finalmente ter os nossos, ou nosso, filhotes. Após 14 dias de longa espera recebemos o fatídico resultado da análise ao sangue: Negativo. Foi uma desilusão daquelas!

Mas como tínhamos 4 embriões congelados pensámos que à segunda seria de vez. E em Dezembro do mesmo ano lá vamos nós, cheios de expectativa. Ao chegarmos à clínica fomos informados pela médica e pela bióloga que apenas 1 embrião tinha sobrevivido à descongelação e que mesmo este estava em más condições. Apesar disso decidimos fazer a transferência, mas o desfecho foi mais uma vez o mesmo: Negativo!

Em Janeiro de 2007 vamos à MAC para ficarmos inscritos na tal lista de espera. Já tínhamos repetido todos os exames (sim, porque um espermograma feito no particular não é válido nos hospitais públicos…) e tinha chegado a nossa vez de sermos admitidos nessa famosa lista de casais cheios de expectativas. O médico responsável, Dr. António Neves, inscreve-nos na lista de espera e diz que daí a um ano e meio seremos chamados. No entanto, mostro-lhe o exame ás trompas e peço-lhe para fazer uma laparoscopia (cirurgia em que se faz um exame mais profundo ao aparelho reprodutor da mulher) enquanto aguardo na lista. Após uma análise a esse exame (o único que não temos de repetir nos hospitais públicos) o médico diz-me: “você vai repetir este exame, porque eu não estou a concordar com ele”. Fartei-me de chorar, pedi ao médico para não me fazer isso porque tinha sofrido muito da primeira vez, e ele explicou-me que como me custou muito o exame não ficou acabado e que um novo exame me poderia trazer surpresas. Para eu ficar mais calma, ele dá autorização para a Dra Daniela me fazer o exame e inscreve-me, em simultâneo para FIV.

Em Fevereiro lá vou eu fazer o exame, com um cocktail de comprimidos para as dores em cima, e tenho a maior das surpresas: as trompas a partir daquele momento ficam perfeitas e completamente desobstruídas, ou seja, acabou-se o problema em engravidar espontaneamente! Foi um misto de emoções: por um lado ficámos muito felizes, mas por outro vieram as questões e as dúvidas.

No mesmo mês após um atraso na menstruação e um teste negativo vou à Dra. que me marca uma indução de ovulação mas só depois de me aparecer o meu amigo odioso. Como este teimava em não aparecer, lá fomos nós fazer um teste de gravidez: tivemos a maior surpresa das nossas vidas um POSITIVO!!
Ficámos muito felizes e na mesma semana vimos o saquinho gestacional na ecografia. Contámos ao mundo a boa nova: finalmente também íamos ter o nosso bebé!

Mas a alegria durou muito pouco e ás oito semanas soubemos que o embrião tinha parado de crescer… A alegria depressa se transformou em tristeza, e mais dolorosa que a dor física, foi a dor de perder aquela estrelinha que tínhamos desejado tanto…

Em Junho de 2007 decidimos ir apanhar novos ares, mal sabíamos nós que já levávamos companhia… a nossa estrelinha desejada!

Vivemos uma alegria muito contida, e só após a ecografia das 12 semanas, começámos a partilhar a nossa felicidade. Nesta altura, são os movimentos da nossa filha que nos fazem acreditar que a estrelinha está cá e que o sonho é real.

Não posso deixar de realçar que este percurso me permitiu:

- Ter a certeza de que tenho ao meu lado um ser humano muito especial que é, sem dúvida, a pessoa que eu quero para pai dos meus filhos;

- Conhecer na primeira pessoa o outro lado da Infertilidade e do Aborto, e com isso pessoas fantásticas, que embora de uma forma virtual me acrescentaram, e acrescentam, muito á minha vida;

- Dar um valor inestimável a tudo o que esta gravidez me proporciona;

- Tornar-me uma pessoa mais forte, sem a mínima dúvida.
Obrigada a todos aqueles que me apoiaram e que me ajudaram a chegar à: Estrelinha desejada!

14 comentários:

Paula disse...

Gostei muito de ler a tua história. É uma história de luta e que mostra que a felicidade de cada um pode demorar mas chega, e a vossa chegou quando menos esperavam.
Parabéns!

Cat disse...

Amiga, apesar do percurso doloroso, concordo contigo... nunca mais seremos as mesmas, tudo o que passamos influenciou aquilo que somos hoje!
Beijo grande

Anónimo disse...

Cpat,
Mts parabéns pela tua coragem e persistência és um exemplo do que nunca devemos desistir de um sonho e nada mais natural do que querer ser Mãe, obrigada por partilhares a tua história tão dolorosa é um sinal de esperança p/ tantos casais q sofrem c a infertilidade.
Bjinhos

Anónimo disse...

Miga,
agora entendi bem o que vocês passaram...estas coisas para quem está de fora e se apercebe, tb são mt dificeis de gerir, pois nunca sabemos se havemos de perguntar, fingir q nada se passa...quem viveu de perto estes últimos meses e todas essas aventuras, tb sofreu com o desenrolar da história. A certo ponto, toda a gente queria fazer algo para te ajudar e animar e não sabia mt bem como...
Fico mt feliz e acima de tudo orgulhoso por conhecer 2 pessoas fantásticas como vocês (a pequena ainda não a conheço pessoalmente:)), que passaram já por mta coisa boa e menos boa, mas que de certeza vos fortaleceram para chegar até onde estão. E que acima de tudo querem partilhar a vossa história e experiência com outros, quem sabe poderão ajudar + alguém...
E se Deus quiser será daqui para a frente uma história sempre com um desenrolar cada vez mais feliz. Pelo menos já sabes que nunca vos faltará apoio das pessoas que gostam de vocês;)

Bjinhos e abraços

Mary disse...

Histórias complicadas e dolorosas mas que vão ter um final muito feliz... era bom que fosse assim para toda a gente.
Bjs

Anónimo disse...

és uma lutadora!
continua assim.
beijinhos
rita bizarro

Unknown disse...

Olá amiga
Ainda bem que a v/estrelinha brilhou para vocês. Desejo-vos o melhor e admiro muito a v/coragem.
Parabéns CÁTIA e parabéns BRUNO por cuidares tão bem da minha amiga.

Adorei as fotos que enviastes do quartinho, vai ficar um mimo.

Beijinhos
Susy

Anónimo disse...

Olá

Encontrei o teu blog por mero acaso, pois procurava alguém com o mesmo tempo de gravidez que eu ...
Ao ler este post, fiquei ... nem sei explicar...
Estou grávida com mais um dia que tu. Quandoo soube da minha gravidez chorei tanto, pois não era uma coisa que desejasse muito (pelo menos nos próximos 3 anos), fiquei com raiva de mim mesma, pensei: "Com tanta mulher a querer engravidar e tinha logo que em calhar a mim!", foi algo que não fazia mesmo parte dos meus pensamentos. Aliás toda a minha gravidez tem sido um misto de sentimentos de rejeição e aceitação, até mesmo o sexo do bébé, veio ao contrário (eu queria rapaz e vai ser rapariga - mais outra crise de choro).
Ao ler a tua história, percebo que tenho sido a futura mãe mais ingrata, pois existem tantas mulheres, tal como tu, que o desejo de ser mãe é tão grande, e eu quase que desprezo esse sentimento. Realmente devo dar-me por agradecida por ter tido esta dádiva, que é fruto de um amor tão grande e duradouro. Neste momento, já a sinto, e tenho um desejo enorme de a ver, de a abraçar, de tê-la comigo. Obrigada por me fazeres ainda mais crescer esse sentimento: O DESEJO DE SER MÃE.

Anónimo disse...

Adorei ter lido a sua história. Estou no começo da luta p/ engravidar. Espero conseguir passar por todas as etapas. Acredito que deve ser uma dor sentimental inexplicável. Realmente só quem passou e está passando pode entender o tamanho sofimento. Como vc eu também espero poder vencer os obstáculos e realizar o meu sonho.

Anónimo disse...

Sempre que leio este tipo de assunto vejo que não estou sozinha....eu e o meu namorado tentamos já à 2 anos e ainda nada.
Já fizémos vários testes e dá tudo bem...já passei por tantas fases, agora é uma enorme tristeza que me percorre a alma.
O Médico diz-me para fazer o exame ás trompas só no inicio do ano.Este pensa que a ansiedade é o principal problema.
Sr calhar até é mas...nunca se sabe.
Ao ler histórias como a tua dá-me mais força pois temos que ser sobreviventes....para uns é tão fácil mas para outros é o que se sabe.
Espero um dia colocar aqui uma boa notícia.
Espero do fundo do coração que corra tudo bem com os vossos bébes e boa sorte para quem inicia esta luta!


Alexa

Rute & João disse...

Olá, boa tarde! O meu nome é Rute e encontrei o seu blog numa pesquisa na net para tentar saber mais sobre o tal exame às trompas. Em junho tive a minha primeira gravidez, mas gravidez ectópica o que resultou na "exclusão" da minha trompa direita! :( Agora, estou em consultas de infertilidade também com a Dra Daniela Sobral e também estou na lista de espera para o tal exame! Espero que a minha história tenha o mesmo desfecho que o seu! Porque o que eu mais quero é ter o meu bébé!

Anónimo disse...

ola, gostei de ler a tua historia, pois o q me trouxe ate ela foi uma pesquisa sobre o exame às trompas.
Nunca pensei q fosse tao dificil engravidar, mas creio nao ter a tua força.
Parabéns!

Anónimo disse...

vou começar a passar pelo mesmo faço pa semana o exame . deus queira k depois disso seja facil e tambem possa ter a mha estrelinha. felicidades.

Anónimo disse...

vou começar a passar pelo mesmo faço pa semana o exame . deus queira k depois disso seja facil e tambem possa ter a mha estrelinha.